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sábado, 27 de dezembro de 2014

Movimentos mágicos


O movimento da terra,
em sua órbita encerra
 infinita magia:
Transforma a tela escura,
em magnífica pintura,
a dádiva do dia.

O movimento do teu abraço
No qual eu me enlaço,
É completa magia:
Afugenta a dor,
fortalece o amor
e à alma sacia.

Teus lábios em movimento
são doce encantamento.
Magia repleta de luz.
Transformam teu sorriso,
no portal de um paraíso,
que por inteiro me seduz.



quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Buraco negro


Tem buraco na rua,
 Tem  buraco na lua, 
Tem buraco no universo.
 Impiedoso atrai o meu verso.

Do livro: sob o olhar  da poesia.
De: Ildebrando Pereira da Silva.

Tua chama


Tua chama, me inflama.
Queima na minha veia,
prende-me na teia
da tua paixão.

Tua chama
sobre mim proclama
um domínio avassalador,
mistura de prazer e amor.
carícias e sedução.

Tua chama,
sobre mim derrama
um bálsamo envolvente.
Sinto-me imensamente
livre em tua prisão.

Do livro: sob o olhar  da poesia.
De: Ildebrando Pereira da Silva.


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Verdade

Uma grande
verdade
é preciso
aceitar:
Duas felicidades
não cabem
no mesmo lugar.

Do livro: Sob o olhar da poesia
De: Ildebrando Pereira da Silva

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Saudade e poesia


Poesia que a alma escreve
na noite calada,               
com a pena da saudade
à espera da madrugada.
 
Poesia que a alma recebe
 na madrugada vazia,       
com saudade pena
 à espera do dia.                      

 Poesia que a alma acolhe
no dia que lhe invade            
a dor e a saudade
à  espera da tarde.                   
 
 Poesia que a alma transpira,
na tarde é um açoite,      
a dor da saudade,
 à espera da noite.                                 
 
E a alma na espera,                                                    
 supera a agonia,                                                     
 morrendo de saudade,                                             
 vivendo de poesia.


segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Brincadeira


De repente...
A brincadeira
Ficou toda sem graça
E, com o brinquedo,
não há o que se faça.
Trocar o brinquedo,
eis o segredo:
Falta coragem,
ou sobra medo?

Do livro: Sob o olhar  da poesia
De: Ildebrando Pereira da Silva


sábado, 20 de dezembro de 2014

Eram duas vezes


No país das maravilhas,
ali se faz tudo com dedicação.
Ali Babá cuida do palácio,
Mestre,  da educação.

A Bela Adormecida
zela pela segurança,
Soneca é quem  controla
o Estatuto da criança.

E para a fada madrinha,
manter a  saúde é sua obrigação,
enquanto a lebre e a tartaruga
são responsáveis pela condução.

Gepeto acelerou a indústria
com sua linha de produção,
gerando Pinóquios em série,
para “alegria”  da nação.

Mas, nem tudo é perfeito,
Mesmo com tanta magia.
Aladim apagou sua lâmpada
para economizar energia.

Ao ver a lagoa secando,
o patinho feio mudou-se de lugar,
e até mesmo o lobo mau,
está sem casa para morar.


A Cinderela faz suas compras
de tudo que vem da China,
e a pobre da cigarra,
hoje, vive de faxina.

O Grilo Falante avisa:
- Acendeu-se o sinal vermelho,
pois, a rainha malvada
está diante do espelho.

Que rufem os tambores,
à espera de um final feliz,
que ali se faça a maravilha
que merece aquele país.

Do livro: Sob o olhar da poesia
De: Ildebrando Pereira da silva


quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Retalhos poéticos de Drummond

No meio do caminho tinha um banco,
Onde sentou-se José,
Naquela tarde de maio,
De mãos dadas com a fé.

Com sua lanterna mágica,
Esperou pelo anoitecer,
Ainda que mal soubesse
A fragilidade do ser.

Dançar o Bolero de Ravel
Estava nos desejos seus.
Mas, na igreja o sino tocava,
A canção final de adeus.

De surpresa vem a quadrilha
Na procura da poesia,
Trazendo a canção amiga
Como um presente do dia.

E para ser um homem livre,
A difícil escolha não é segredo,
Pois, a ausência da coragem,
Para o poeta é um brinquedo

Mas, para sempre não é definitivo,
Em confronto com a eternidade,
O tempo passa? Não passa.
Passa a vida, na verdade.

Na memória o inconfesso desejo:
Recomeçar sem medo da dor,
Vencer a máquina do mundo,
Para viver um grande amor.

Poema inédito.
Usei títulos de poemas de Drummond
para escrever este trabalho.


Contrastes

O urubu, o colibri,                                       
 O coelho, o jabuti,  
 A fada e o saci. 
O fósforo, o vulcão,   
o gigante, o anão,  
 a brisa e o furacão .
                                                               
 O segundo, a eternidade,     
o sereno, a tempestade,   
a mentira e a verdade. 
O estúpido, o gentil, 
a criança, o senil,   
a pomba e o fuzil.

A bermuda, o terno, 
o antigo, o moderno,
o céu e o inferno              
a flor, o punhal,                         
o bem e o mal.     
                  
O frio, o calor, 
a alegria, a dor,  
o ódio e o amor.
O ateu, a cruz,     
as trevas, a luz, 
o diabo e Jesus!

Do livro: Sob o olhar da poesia.
De: Ildebrando Pereira da Silva.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Andarilho do amor.

Na escura noite, solitário viajor.
Perdido nos atalhos da vida,
desencontrado nos caminhos do amor.
Pés cansados, lábios sedentos,
alma marcada, coração maltrapilho.
Na bagagem: Lembranças e sonhos,
sonhos e lembranças e nada mais.
E quando o fim já era certo,
a morte rondava de perto,
dois olhos fitaram-no,
uma grande luz o iluminou,
duas mãos levantaram-no
e a vida recomeçou.
Folhas mortas reviveram,
flores murchas ganharam cor.
Um coração vazio,
transbordou de tanto amor.

Do livro: Fantasia
De Ildebrando Pereira da Silva

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Invasão

Queria ser um rio,                                           
 ultrapassar meus limites,                                          
sair das minhas margens,                                
invadindo teus domínios.                                               
 Ir lentamente subindo,                                     
 ocupando teus espaços,                                      
percorrer teus vales e campos                                          
e os mais altos montes deixar submersos.                      
 E nesta invasão te entregar tudo que tenho,          
deixando em teu solo as marcas de quem sou.            
 Em minhas águas banhar-te de carinhos,           
 inundar-te de amor.  

Do livro: Sob o olhar da poesia
De: Ildebrando Pereira da Silva.    

sábado, 6 de dezembro de 2014

Bolsa sem valores


Na bolsa de valores,
caiu a gratidão,
em baixa a justiça,
em queda a união.

A responsabilidade
está em declínio  constante,
e a honestidade,
não há o que a levante.

A liberdade, a temperança,
a fidelidade e a decência
caíram profundamente,
ao lado da coerência.

A amizade e o respeito
sumiram do pregão.
E uma bolsa sem valores
pode quebrar uma nação.


Do Livro: Sob o olhar da poesia 
De: Ildebrando Pereira da Silva


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Vazio

O menino na palafita,
fita o fundo da panela,
ela nada lhe oferece
e, apesar de tanta prece,
resta apenas o vazio,
onde a cheia é só no rio.

Do livro: Sob o olhar da poesia
De: Ildebrando Pereira da Silva

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Tão perto


No peito aberto,
 ferida rasgada                                        
saúde abalada
e o remédio tão perto. 
              
Caminho deserto,
pés vacilantes,                                
passos errantes
e a saída tão perto.
                                 
 Céu encoberto,
 coração carente,                                  
escuridão envolvente
 e a luz tão perto.
                        
 No peito aberto,
dor encravada,                                
  morte marcada
 e a vida tão perto.       
                    
 Caminho deserto,
 alma sedenta,                                
calor atormenta
e a água tão perto
.                               
Céu encoberto,
 solidão constante,                                      
alegria distante
e você tão perto.

Do livro: Sob o olhar da poesia
De: Ildebrando Pereira da Silva

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Medo de viver


O medo no meu passado,
era um medo tão presente,
morria de medo da morte,
e de  partir tão de repente.

Hoje, não penso mais nisso,
pois, o que abala o meu ser,
não é mais o medo da morte
e, sim o medo de viver.

Do livro: Sob o olhar da poesia 
De: Ildebrando Pereira da Silva



segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Fado do palhaço

Esta crônica foi escrita pela minha esposa Rosana Cabral, e obteve o 2º lugar no Concurso promvido pela Academia Taubateana de Letras, em setembro deste ano.


 A desbotada moldura laranja sustentada em um dos cantos por um pedaço de fita adesiva de um simples e barato espelho retangular, desses encontrados em qualquer feira de rua ou loja de quinquilharias, revela um reflexo cujo tempo desgastou ainda mais que o próprio objeto que para muitos é motivo de adoração. A imagem refletida é a de um rosto vincado, marcado pelos anos, por toda uma vida que passou...
As mãos apesar de já um pouco trêmulas, executam uma espécie de coreografia que de tanto ser repetida, tornou-se automática. Automática, mas, viva, pulsante, ao ir desenhando a cada novo passo, um ser. Ser cuja cronologia lhe é indiferente. E o balé continua: secar bem o rosto para receber a primeira das cores: branca. Branca para esconder toda a pele. Branca como a paz. Branca, alva, alvíssima. Brancura que esconde, disfarça, dissimula, fazendo do rosto uma palheta onde outras cores brilharão e não mais o homem, mas este novo e encantador ser.
Enquanto as mãos continuam seus ritmados movimentos o pensamento vai longe, divaga por lembranças, emoções, histórias. E sem saber o porquê, ou quem sabe estava naqueles dias em que se fica buscando uma razão para tudo, lembrou-se de alguém, um sujeito, numa ocasião qualquer, numa época  incerta, mas com certeza tratava-se de um argentino, o sotaque lhe dava essa certeza, se bem que pensando bem, poderia ser espanhol . Mas isso não importa, o que vale é que ele era um desses filósofos da vida, bem na verdade não passava de um inveterável boêmio, desses que encontramos em qualquer esquina, ou seria bar? Bom, isso não faz a menor diferença. O que faz diferença é que o tal sujeito, ou melhor, o filósofo para ficar mais romântico, disse-lhe que “El fado non és alegre nem triste, és nostálgico.” E enquanto pincelava o olho com um profundo azul meditava sobre essas palavras. Tantas vezes indagado ser alguém alegre ou triste, respondia de acordo com a ordem do dia: se estava alegre, respondia ser o palhaço o ser mais alegre do planeta. Se ao contrário estava triste, dizia ser um artista que escondia sua dor atrás da maquiagem e assim era capaz de fazer as pessoas sorrirem. Mas agora, meditando (onde já se viu meu Deus, um palhaço meditando, não faltava mais nada!) sobre esse encontro com o argentino, sim, deve ser argentino, tanto quanto pode ser espanhol. A confusão deve ser por  conta do estilo musical. Um argentino ou espanhol filosofando sobre fado! Talvez fosse mais coerente se o tema fosse o tango, mas vá querer encontrar coerência em conversa de bêbado (só sendo palhaço mesmo!). Aliás, quanto ao fado ou ao tango não sabia opinar, mal tinha ouvido falar de uma tal Amália Rodrigues e de um certo Carlos Gardel. Mas, semelhante ao fado (deixo bem claro que de acordo com o sujeito), é o palhaço. O palhaço não é alegre nem triste, apenas artista. Um artista que ao se maquiar, maquia os próprios sentimentos para dar vazão a um ser que é feito de magia, de encanto.
Em terras tupiniquins, de calor e de cores, até mesmo os palhaços se enfeitam de maneira vibrante, com as cores da aquarela, contrariando os  originários clowns, que economizavam nas cores e pareciam repetir os ingleses tons cinzentos e monótonos. 
Puxando pelo fio da memória (que por vezes já se arrebentou...) quando criança não se preocupava se o palhaço era alegre ou triste, apenas se era desajeitado, estabanado o suficiente para provocar muitas gargalhadas...
Ah, queridos e imortalizados palhaços de nossas infâncias, protagonistas de nossas tardes no circo, de momentos inesquecíveis em frente à TV: Arrelia, Torresmo, Carequinha, Tic-tac. Tempo feliz, inocente, em que acreditávamos que os palhaços estavam apenas nos picadeiros...
A maquiagem enfim está completa. E no picadeiro, sob a surrada lona, a plateia nem sequer se preocupa com a alegria ou tristeza do palhaço, pois a gargalhada não dá espaço para “devaneios filosóficos”.

 Palhaço, alegre ou triste? Como no fado, nem alegre, nem triste, apenas e unicamente, humano...

 

Ainda que


Ainda que os espinhos superem as flores
Não deixe que as lágrimas apaguem teu sorriso.
Ainda que as trevas encubram a luz,
Não deixe encoberto o brilho dos teus olhos.
Ainda que a realidade desperte os sonhos,
Não deixe de sonhar com a realidade que tu queres.
Ainda que a vida supere tua força,
Não deixe de buscar a “Força” que te faz forte.

 Ainda que a noite seja escura e fria,
E pela manhã o sol não apareça.
Ainda que teus versos percam a rima,
e na tua boca o canto emudeça
Ainda que as árvores não deem seus frutos
E os campos não floresçam.
Ainda que no tempestuoso mar
Tu barco esteja prestes a perecer:

Não deixe de sorrir,
Não deixe de cantar,
Não deixe de viver,
Não deixe de amar.
Pois, ainda há alguém que precisa:
Do teu sorriso para cantar,
Do teu canto para sorrir,
Da tua vida para amar,
Do teu amor para viver.

Do livro: Fantasia
De: Ildebrando Pereira da Silva