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domingo, 24 de abril de 2016

Poema

A poesia está guardada nas palavras
é tudo que eu sei.
 Meu fado é o de não saber quase tudo.
 Sobre o nada eu tenho profundidades.
 Não tenho conexões com a realidade.
 Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
 Para mim poderoso é aquele que descobre
 as insignificâncias (do mundo e as nossas).
 Por esa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
 Fiquei emocionado e chorei.
 Sou fraco para elogios.

- Manoel de Barros

Poema coletivo

No papel minha vida é sepultada,
Na leitura atenta e produtiva,
Minha existência simples e breve,
Na alma leve se eterniza.- L.F. Santos

E no pilar da vida breve 
a simplicidade  e a emoção, 
desenham  na folha em branco
meu humilde  coração. – Jeanice

E a seiva que a caneta jorra,
Fecunda o papel na escrita,
Levando um pouco de alma
Que outra alma necessita. – Ildebrando

E a cada palavra um pequeno vazio,
De um sonho que vive no papel.
Minha alma vive o amor tardio
Que a escrita esconde sob um véu.  - Antoninho

No papel, no pilar, da caneta,
no sonho ou na realidade,
A vida que é breve,
Pode jorrar amor da eternidade. – Darci Queluz



Poema coletivo escrito por 5 membros da ALLARTE

Algo dão

Viver
É um exercício
constante
De doação.

Mesmo
Aquelas pessoas
Que nos parecem
Não doar nada
Al
go
dão
Múcio  Góes

Vento

Abra as janelas
Esqueça os tormentos
Logo mais eu passo ai,
Disfarçado
De vento

Múcio  Góes

Luta Cotidiana

Quero pintar sobre o nada
estou exausta de tentar o tudo
cansada de fabricar sonhos
cansada de tanto luto
Luto pela luta perdida
da vida ardida
do cansaço da tentativa
(...)
Estou viva e vou lutar sim!
Luto pelo verde céu
pelo barrento mar
pelo mundo que há, em mim.

- Madalena Daltro


domingo, 3 de abril de 2016

Poesia

Ainda tenho as cordas musicais
 Bem afinadas do teu corpo inocentado
 Pelo pecado que se deita no silêncio
 Dos meus delírios declinados ao luar.

Ainda oiço o tango da chuva no telhado
 A imitar os nossos passos apaixonados
 Sinto a fervura do teu corpo inspirado
 Pelos versos rios das lágrimas frias

 Que caem vagarosamente no meu peito.
Ainda que o seu amor me isente de chorar,
 Choro por te amar tão insolentemente
 Como outra música camuflado pelo tempo

 Que te espero sentado no jardim Dona Benta
 Chupando a menta desta meta que finda
 Sem ver o rosto dos teus olhos dançantes
 Para morrer de amores teus como ontem.

Sanjo Muchanga

Simpatia

Uma belíssima poesia de Casimiro de Abreu
Patrono da Cadeira Nº 01 da ALLARTE


Simpatia - é o sentimento
Que nasce num só momento,
Sincero, no coração;
São dois olhares acesos
Bem juntos, unidos, presos
Numa mágica atração.


Simpatia - são dois galhos
Banhados de bons orvalhos
Nas mangueiras do jardim;
Bem longe às vezes nascidos,
Mas que se juntam crescidos
E que se abraçam por fim.


São duas almas bem gêmeas
Que riem no mesmo riso,
Que choram nos mesmos ais;
São vozes de dois amantes,
Duas liras semelhantes,
Ou dois poemas iguais.


Simpatia - meu anjinho,
É o canto do passarinho,
É o doce aroma da flor;
São nuvens dum céu d'Agôsto,
É o que m'inspira teu rosto...
- Simpatia - é - quase amor!

As perdas nem sempre são prejuízos