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terça-feira, 30 de junho de 2015
Soneto da Perdida Esperança
Perdi o bonde e a esperança
Volto pálido para casa.
A rua é inútil e nenhum auto
passaria sobre meu corpo.
Todos eles conduzem ao
princípio do drama e da flora.
Por que não? Na noite escassa
Com um insolúvel flautim.
Entretanto há muito tempo
nós gritamos: Sim! Ao eterno."
- Carlos Drummond de Andrade
Volto pálido para casa.
A rua é inútil e nenhum auto
passaria sobre meu corpo.
Vou subir a ladeira lenta
em que os
caminhos se fundem.Todos eles conduzem ao
princípio do drama e da flora.
Não sei se estou sofrendo
ou se é
alguém que se divertePor que não? Na noite escassa
Com um insolúvel flautim.
Entretanto há muito tempo
nós gritamos: Sim! Ao eterno."
O Grilo Seresteiro
Wagner Fernandes Fonseca
Membro Correspondente da
Academia Lorenense de Letras e Artes
ALLARTE
O Grilo Seresteiro faz parte do Musical
Floresta de Poesia retirado do
livro de mesmo nome.
O Grilo Seresteiro faz parte do Musical
Floresta de Poesia retirado do
livro de mesmo nome.
Poema 42
Este animal:
Que fala, pensa e respira.
Dotado de profundos olhos...
Que a alma transpira,
Padece desta sorte, á mercê.
Esta eterna carência
Que mal posso conter,
A mais clara evidencia
Da maldita dependência
De viver por você
Que fala, pensa e respira.
Dotado de profundos olhos...
Que a alma transpira,
Padece desta sorte, á mercê.
Esta eterna carência
Que mal posso conter,
A mais clara evidencia
Da maldita dependência
De viver por você
Hipólito Costa
Por um lindésimo de segundo
"por um lindésimo de segundo
tudo em mim
anda a mil
tudo assim...
tudo por um fio
tudo feito
tudo estivesse no cio
tudo pisando macio
tudo psiu
tudo em mim
anda a mil
tudo assim...
tudo por um fio
tudo feito
tudo estivesse no cio
tudo pisando macio
tudo psiu
tudo em minha volta
anda às tontas
como se as coisas
fossem todas
afinal de contas"
Paulo Leminski
anda às tontas
como se as coisas
fossem todas
afinal de contas"
Paulo Leminski
A vida muda...
"A vida muda como a cor dos frutos
lentamente
e para sempre
A vida muda como a flor em fruto
velozmente..."
lentamente
e para sempre
A vida muda como a flor em fruto
velozmente..."
segunda-feira, 29 de junho de 2015
A Mocidade
A mocidade é como a primavera!
A alma, cheia de flores resplandece,
Crê no bem, ama a vida, sonha e espera,...
E a desventura facilmente esquece.
A alma, cheia de flores resplandece,
Crê no bem, ama a vida, sonha e espera,...
E a desventura facilmente esquece.
É a idade da força e da beleza:
Olha o futuro, e inda não tem passado:
E, encarando de frente a natureza,
Não tem receio do trabalho ousado.
Ama a vigília, aborrecendo o sono;
Tem projetos de glória, ama a quimera;
E ainda não dá frutos como o outono,
Pois só dá flores como a primavera!
Olavo Bilac
Olha o futuro, e inda não tem passado:
E, encarando de frente a natureza,
Não tem receio do trabalho ousado.
Ama a vigília, aborrecendo o sono;
Tem projetos de glória, ama a quimera;
E ainda não dá frutos como o outono,
Pois só dá flores como a primavera!
Olavo Bilac
E se eu disser
E se eu disser que te amo - assim, de cara,
sem mais delonga ou tímidos rodeios,
sem nem saber se a confissão te enfara...
ou se te apraz o emprego de tais meios?
sem mais delonga ou tímidos rodeios,
sem nem saber se a confissão te enfara...
ou se te apraz o emprego de tais meios?
E se eu disser que sonho com teus seios,
teu ventre, tuas coxas, tua clara
maneira de sorrir, os lábios cheios
da luz que escorre de uma estrela rara?
E se eu disser que à noite não consigo
sequer adormecer porque me agarro
à imagem que de ti em vão persigo?
Pois eis que o digo, amor. E logo esbarro
em tua ausência - essa lâmina exata
que me penetra e fere e sangra e mata.
- Ivan Junqueira
teu ventre, tuas coxas, tua clara
maneira de sorrir, os lábios cheios
da luz que escorre de uma estrela rara?
E se eu disser que à noite não consigo
sequer adormecer porque me agarro
à imagem que de ti em vão persigo?
Pois eis que o digo, amor. E logo esbarro
em tua ausência - essa lâmina exata
que me penetra e fere e sangra e mata.
- Ivan Junqueira
Queria um canto
Queria um canto
Um rancho
Uma música...
No vagão do trem
Um rancho
Uma música...
No vagão do trem
Queria o silêncio humano
Ouvir o canto da lira
Ler um conto caipira
No canto que não tenho
Queria a coragem
Saúde e prosperidade
A força e a leviandade
Para seguir além
Mas coragem não tenho
Só atrevimento de sonhar
Com o dia que serei apenas eu...
E o canto do pássaro
Que fará ninho na minha sepultura.
- Madalena Daltro
Ouvir o canto da lira
Ler um conto caipira
No canto que não tenho
Queria a coragem
Saúde e prosperidade
A força e a leviandade
Para seguir além
Mas coragem não tenho
Só atrevimento de sonhar
Com o dia que serei apenas eu...
E o canto do pássaro
Que fará ninho na minha sepultura.
- Madalena Daltro
O pássaro...
"Descosendo o Espaço
O pássaro agonizante
põe pela boca os milhares
de quilômetros
que devorou pelos ares."...
- Aníbal Machado (1894-1964)
O pássaro agonizante
põe pela boca os milhares
de quilômetros
que devorou pelos ares."...
- Aníbal Machado (1894-1964)
Versos
Às vezes a água fria da pia
em que lavo os copos
e pratos...
congela os versos.
em que lavo os copos
e pratos...
congela os versos.
Outras vezes
a mesma água
com que rego as plantas
refresca o vaso
de onde nasce a paz.
Madalena Daltro
a mesma água
com que rego as plantas
refresca o vaso
de onde nasce a paz.
Madalena Daltro
Paradoxo
És o vazio que preenche,
O nada que tudo entrega,
O frio que aquece,
As trevas que iluminam.
És o espinho que enfeita,
A dor que traz alegria,
O veneno que sustenta.
És o mal que faz tanto bem,
A guerra que enche de paz,
A morte que aviva,
A incerteza que dá segurança.
És a tormenta que acalma,
A fraqueza que anima,
o abismo que une.
És o inferno que preciso,
Para ser meu paraíso.Ildebrando Pereira da Silva
sexta-feira, 26 de junho de 2015
Rosa de Hiroshima
Poema de Vinícius de Moraes
Música de Gerson Conrad
Interpretação: Secos e Molhados
quinta-feira, 25 de junho de 2015
Velhas árvores
Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...
O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:
Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
Olavo Bilac, in "Poesias"
Sem nada...
Sem amigo,
Sem saída,
Sem abrigo,
Sem lida.
Sem estrela,
Sem luar,
Sem janela,
Sem par.
Sem festa,
Sem balada,
Sem orquestra,
Sem alvorada.
Sem tostão,
Sem algibeira,
Sem ação,
Sem carreira.
Sem caminho,
Sem chegada,
Sem carinho,
Sem nada.
Sem felicidade,
Sem emoção,
Sem vontade,
Sem razão.
Sem calor,
Sem ninguém,
Sem amor,
Sem amém.
Do livro: Fantasia
De: Ildebrando Pereira da Silva
quarta-feira, 24 de junho de 2015
Eu e o tempo
Eu fiz um acordo com o tempo...
Nem ele me persegue, nem eu fujo dele...
Qualquer dia a gente se encontra e,
Dessa forma, vou vivendo
Intensamente cada momento...
Mário Lago
Depoimento
Depoimento do Acadêmico
da ALLARTE
Wagner Fernandes
FonsecaSobre meu livro “Sob o olhar da poesia”
Todas as poesias deste livro estão publicadas aqui, mas, você pode adquirir tanto a versão impressa quanto a digital clicando no botão "Conheça meu trabalho".
O que é simpatia?
Uma belíssima poesia de Casimiro de Abreu
Patrono da Cadeira Nº 01 da ALLARTE
Simpatia - é o sentimento
Que nasce num só momento,
Sincero, no coração;
São dois olhares acesos
Bem juntos, unidos, presos
Numa mágica atração.
Simpatia - são dois galhos
Banhados de bons orvalhos
Nas mangueiras do jardim;
Bem longe às vezes nascidos,
Mas que se juntam crescidos
E que se abraçam por fim.
São duas almas bem gêmeas
Que riem no mesmo riso,
Que choram nos mesmos ais;
São vozes de dois amantes,
Duas liras semelhantes,
Ou dois poemas iguais.
Simpatia - meu anjinho,
É o canto do passarinho,
É o doce aroma da flor;
São nuvens dum céu d'Agôsto,
É o que m'inspira teu rosto...
- Simpatia - é - quase amor!
Patrono da Cadeira Nº 01 da ALLARTE
Simpatia - é o sentimento
Que nasce num só momento,
Sincero, no coração;
São dois olhares acesos
Bem juntos, unidos, presos
Numa mágica atração.
Simpatia - são dois galhos
Banhados de bons orvalhos
Nas mangueiras do jardim;
Bem longe às vezes nascidos,
Mas que se juntam crescidos
E que se abraçam por fim.
São duas almas bem gêmeas
Que riem no mesmo riso,
Que choram nos mesmos ais;
São vozes de dois amantes,
Duas liras semelhantes,
Ou dois poemas iguais.
Simpatia - meu anjinho,
É o canto do passarinho,
É o doce aroma da flor;
São nuvens dum céu d'Agôsto,
É o que m'inspira teu rosto...
- Simpatia - é - quase amor!
terça-feira, 23 de junho de 2015
Morena Lorena
Conheça um pouco da cidade de Lorena, no nterior
do Estado de São Paulo Brasil, onde nasci e vivo,
Acompanhado de uma bela música em sua homenagem.
A fábula do macaco e do peixe
Um macaco passeava-se à
beira de um rio, quando viu um peixe dentro de água. Como não conhecia aquele
animal, pensou que estava a afogar-se. Conseguiu apanhá-lo e ficou muito
contente quando o viu aos pulos, preso nos seus dedos,
achando que aqueles saltos
eram sinais de uma grande alegria por ter sido salvo. Pouco depois, quando o
peixe parou de se mexer e o macaco percebeu que estava morto, comentou - que
pena eu não ter chegado mais cedo!"
“A fábula do macaco e
do peixe” (Mia Couto)
NAS ÁGUAS DO TEMPO - Mia Couto
segunda-feira, 22 de junho de 2015
I M P O S S Í V E L
Como atingir:
A velocidade da luz, a imortalidade,
o infinito e a eternidade?
Impossível?
Talvez não!
o cérebro,
o pensamento e o futuro?
Impossível?
Talvez não!
O que fazer:
Para chegar aos teus braços, conhecer o teu sabor,
invadir tua fortaleza
e conquistar o teu amor?
Completamente.
Até que proves
O contrário!Do livro: Sob o olhar da poesia
De: Ildebrando Pereira da Silva
Ser humano.
Sou humano,
embora não pareça.
Quando irritado,
perco a cabeça.
Quebro as regras
de educação,
troco as boas maneiras
por um palavrão.
Sou muito bom,
mas, não mexa comigo,
pois, no fundo
sou um perigo.
Do céu ao inferno
vou em um segundo.
Simples palavras
destroem meu mundo.
Sou humano,
embora não pareça.
Sou um bicho
que às vezes pensa!Ildebrando Pereira da Silva
Poema ou poesia?
No sentido etimológico,
poesia vem do grego poiesis, que pode ser traduzido como a atividade de
produção artística ou a de criar ou fazer. Com base nisso, a poesia pode não
estar só no poema, mas também em paisagens e objetos. Trata-se, enfim, de uma
definição mais ampla, que abarca outras formas de expressão, além da escrita.
Por fim, o soneto é um
poema de forma fixa. Tem quatro estrofes, sendo que as duas primeiras se
constituem de quatro versos, cada uma, os quartetos, e as duas últimas de três
versos, cada uma, os tercetos. Todos eles têm dez sílabas poéticas,
classificando-se como decassílabos. Os sonetos costumam ter uma estrutura
semelhante. O texto começa com uma introdução, que apresenta o tema, seguida de
um desenvolvimento das ideias e termina com uma conclusão, que aparece no
último terceto. Essa é, em geral, a estrofe decodificadora de seu significado.
Soneto do Amor Total
Amo-te tanto, meu amor…
Não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Com um desejo maciço e permanente.
Hei de morrer de amar mais do que pude.
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te afim, de um
calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho,
simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtudeCom um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim
muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repenteHei de morrer de amar mais do que pude.
Vinicius de Moraes
Canção do dia de sempre
Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...
A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... Esperança...
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...
Mario Quintana
Poesia
Quando o nevoeiro desce dos olhos,
Sinto a ausência do teu amor.
Quando sento na varanda da solidão,
Sinto o meu corpo frágil e febril.
Quando me entrego para ti,
Sinto a falta do teu amor por mim.
Sei que o amor é doença sem cura
Mas me causa loucura a tua procura
Todas as noites de luares sombrios.
Sinto a ausência do teu amor.
Quando sento na varanda da solidão,
Sinto o meu corpo frágil e febril.
Quando me entrego para ti,
Sinto a falta do teu amor por mim.
Sei que o amor é doença sem cura
Mas me causa loucura a tua procura
Todas as noites de luares sombrios.
Sanjo Muchanga
Inteiro
Inteiro
"Não quero um fragmento
ou uma citação que cause impacto
quero um poema inteiro
mesmo que seja ácido
Não quero uma esmola
quero o nada que dá impulso
o nada que move a força
a força que move tudo
Não quero uma cópia
quero o original
quero uma trova,
mas que não haja igual
Sacuda meu corpo com a simplicidade,
mas que seja inteiro.
O suspiro profundo
Sair desse mundo
que seja inteira
distinta ou camuflada
Que me faça rir
que me surpreenda
que me faça refletir
que me compreenda
que me faça amante
que me encante
que seja inteira."
quero um poema inteiro
mesmo que seja ácido
o nada que move a força
a força que move tudo
quero uma trova,
mas que não haja igual
Não quero ser mesquinha
conformada com quase tudoSacuda meu corpo com a simplicidade,
mas que seja inteiro.
Então dá-me uma música!
Quero a intensidadeO suspiro profundo
Sair desse mundo
Quero uma palavra
não abreviadaque seja inteira
distinta ou camuflada
Que me faça rir
que me surpreenda
que me faça refletir
que me compreenda
que me faça amante
que me encante
que seja inteira."
- Madalena Daltro
domingo, 21 de junho de 2015
Finá de ato
(*Texto original de autor desconhecido. Adaptações
da Silva Jimenez Vargas)
De tanto beijo gostoso, nós briguemos
Foi uma briga fatá; eu disse: cabou-se !
Ele, disse; cabou-se!
E nós dois fiquemos mudo, sem vontade de falá.
Xinguemos, sim, nós se xinguemos.
Como se pode axingá:
- Ô, mandinga de sapo seco!
- Ô baba de
cururu!- Tu fica no Norte
Que eu vô pru sul
Não quero te ver nem pintado de carvão
Lá no fundo do quintá
E se eu contigo sonhar
Acordo e rezo o Creio em Deus Pai
Pru modi não me assombrá.
É... o Brasil é muito grande
Bem pode nos separar!
Eu engoli um salucio
Ele, engoliu
bem uns quatro.Larguemo o pé pelo mato
Passou-se tantos tempo
Que nem é bom rescordar...
Onti, nós si encotremus
Nenhum tentou
disfaçáEu parti pra riba dele
Cum um fogo aceso nu oiá
Que se num fosse um cabra de osso
Tava aqui dois pedaço.
Foi tanto cheiro cheiroso...
Foi tanto
beijo gostoso...Antonce nós si alembremos
O Brasil... é tão pequeno
Nem pode nos separá!
Motivo
Motivo
Cecília Meireles
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
Sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
Poeminha amoroso
Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...
Cora Coralina
Promessas
No palanque eleitoral,
o candidato eloquente,
promete mudar nossas vidas
e, ter um mandato decente.
Vou construir escolas, creches,
todas as ruas irei pavimentar,
vou trazer água, esgoto
e, uma ponte para este lugar.
- Como construir uma ponte,
se na cidade não temos rio?
se for eleito eu prometo,
que trago um rio para a cidade.
Do livro sob o olhar da poesia
De: Ildebrando Pereira da Silva
o candidato eloquente,
promete mudar nossas vidas
e, ter um mandato decente.
vou trazer água, esgoto
e, uma ponte para este lugar.
Do meio da multidão
vem logo um desafio:- Como construir uma ponte,
se na cidade não temos rio?
O candidato logo responde:
Eu digo com sinceridade,se for eleito eu prometo,
que trago um rio para a cidade.
De: Ildebrando Pereira da Silva
sábado, 20 de junho de 2015
Observação
Quanto mais
observo as pessoas
Mais as considero medíocresE ao mesmo tempo espetaculares.
Pois são
terrivelmente cruéis
E igualmente inocentes.Absurdamente egoístas, ambiciosas
E no entanto doadoras.
Exageradamente
fúteis, volúveis,
Desmesuradamente promíscuasE ao mesmo tempo santas.
E é neste espelho de tantas
Incoerências,
Que eu me vejo também
Humanamente refletido.
sexta-feira, 19 de junho de 2015
Doutores da Cultura
CLIQUE AQUI PARA EXIBIR O VÍDEO
A Academia Lorenense de Letras e Artes - ALLARTE
Participa do Projeto "Doutores da Cultura" Promovido
pela Prefeitura Municipal de Lorena, o qual leva música
e poesia a hospitais e asilos da nossa cidade.
Marcha
Esquerda, direita,
Esquerda, direita.
Meia volta volver.
A direita na frente,
Promete pra gente,
Nossas vidas mudar.
Promete eleição,
O fim da inflação,
Um país bem melhor.
O justo salário,
vem do plenário
Mais uma promessa.
A direita na frente
Procura insistente
A solução encontrar.
Inventa o Cruzado
E o povo ao seu lado,
Resolve acreditar.
É mais uma esperança
Para quem não se cansa
De tanto sonhar.
A direita na frente,
Tão indiferente
E o povo a perder.
Atrás a esquerda,
Sentindo esta perda,
Resolve avançar.
E a esquerda na urna,
Reúne sua turma
Para alcançar o poder.
E assim, de repente,
Um passo à frente
Para a esquerda chegar.
E neste país,
Um povo infeliz
Pagou para ver.
Embora indeciso,
É sempre preciso
Novamente tentar.
E um povo calado,
Não sabe de que lado
Sua sorte virá.
Esquerda, direita,
Esquerda, direita.
Meia volta volver.
Do livro Sonho de Papel
De: Ildebrando Pereira da Silva
As mãos
As mãos no contexto
da História Universal,
contribuíram para o bem,
também fizeram tanto mal.
Mãos que deram vida
à Capela Sistina.
Mãos que arrasaram
Nagasaki e Hiroshima.
Mãos que manipularam
A fórmula da penicilina.
Mãos que refinaram
a maldita cocaína.
Mãos que editaram
as melhores enciclopédias.
Mãos que provocaram
enormes tragédias.
Mãos que erigiram
os maiores edifícios,
Mãos que praticaram
terríveis sacrifícios.
Muitas mãos escreveram
a História Universal.
duas deixaram
um grande sinal.
Mãos estendidas,
repletas de luz.
Mãos que dão vida,
no milagre da Cruz.Ildebrando Pereira da Silva
Miragem
Perdido no deserto
sem oásis por perto,
que acolha a mim.
Caminho sedento,
sem discernimento
entre o início e o fim.
Na areia o calor,
no peito a dor,
na alma a ferida.
Nas dunas, a miragem
me empresta a coragem
de insistir pela vida.
Do livro: Sob o olhar da poesia
De: Ildebrando Pereira da silva
Do livro: Sob o olhar da poesia
De: Ildebrando Pereira da silva
Jogo da vida
Palavras soltas,
entrelinhas ao vento,
bailam indecisas
no pensamento.
Peças isoladas
no jogo da vida.
Tudo ou nada?
Fim ou saída?
A carta na manga,
continua guardada,
e o xeque-mate
na hora marcada.
quebra- cabeça,
só não quebra
a solidão,
da peça que falta
no meu coração.Do livro: Sob o olhar da poesia
De: Ildebrando Pereira da Silva
quinta-feira, 18 de junho de 2015
O teu riso
O Teu Riso
Tira-me o pão, se
quiseres, tira-me o ar, mas
não me tires
o teu riso. Não me tires a rosa,
a flor de espiga que desfias,
a água que de súbito
jorra na tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
cansados de terem visto
a terra que não muda,
mas quando o teu riso entra
sobe ao céu à minha procura
e abre-me todas as portas da vida.
Meu amor, na
hora mais obscura desfia
o teu riso, e
se de súbito vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso será para as minhas mãos como uma espada fresca.
Perto do mar
no outono,
o teu riso
deve erguer a sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero o teu riso como
a flor que eu esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da
noite,
do dia, da
lua, ri-te das ruas
curvas da ilha,
ri-te deste rapaz
desajeitado que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando os meus passos se forem,
quando os meus passos voltarem,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas o teu riso nunca
porque sem ele morreria
Pablo Neruda
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