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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Aviso

AVISO
Não demoro, favor aguardar...
Necessidade extrema de saber
onde minha alma está.
Não haverá tempo de sentir
saudade, pois devo voltar pouco
tempo depois que terminar
a eternidade...
Então, eu não estou aflito.
Estou só de coração sentado
na pedra bruta de minha vida
onde jaz calada – no meu grito
cúbico de súbito abafado – a alma
sem liberdade de ficar perdida.
Rogo não interromper a pressa
nem irritar a paz do meu conflito.
Quem me encontrar primeiro,
devolva-me com toda a urgência:
minha alma vai necessitar do amor
que dê conforto ao meu espírito...
Não demoro, favor aguardar...
Necessidade extrema de saber
onde todos um dia vão perder
a irrecuperável oportunidade
de se reencontrar!

Julis Calderon d'Estéfan

(Heterônimo de Afonso Estebanez

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Minha infância

Uma homenagem à nossa querida cidade pelos seus 228 anos.

Minha infância

No cenário da vida
de um sol quase posto,
lembro-me de Lorena
com alegria no rosto.
Lá, fui criança,
fui muito feliz
nas tardes festivas
do Oratório São Luiz.
Contemplei suas palmeiras
do tempo do Império,
fiz o curso primário
no Professor Climério.
À sombra dos ipês,
deixei invisível rastro
em minhas caminhadas
pela Peixoto de Castro.
Corri pelos campos
com uma pipa na mão,
saciei minha sede
na Água do Barão.
Na boca da noite
esperava com graça,
a majestosa chegada
da Maria Fumaça.
Todos os domingos
torcia com fé,
por mais uma vitória
do saudoso Hepacaré.
Esperava ansioso
a repetida cena
da troca de gibis
na porta do cinema.
Hoje, no peito a
lembrança me diz:
Em Lorena fui criança
e fui muito feliz.

Do livro: sob o olhar da poesia
De: Ildebrando Pereira da Silva




Vê, estão voltando as flores


domingo, 13 de novembro de 2016

Sonho

Sonho com lenços coloridos.
São finos lenços
Alguns do mais puro linho,
Outros da mais pura cambraia
Dançam como bailarinos em dia de ensaio.
Harmônicos flutuam femininos.
Lenços brancos giram, e giram lembrando bailarinos dervixes,
Suaves resvalam livremente meu rosto e quase me cegam de tamanha leveza.
Perfumados exalam o aroma de sândalo e mel.
Por certo são mornos, como deve ser a temperatura dos anjos.
Quando se tocam se afinam num som imperceptível, talvez de pequeninos sinos
embalados pelo vento da manhã.
São quase divinos
Quando se tocam deixam no ar um aroma que pudesse ser levado aos lábios teria o gosto macio e doce da tâmara madura.
São finos lenços coloridos.
Acordo
Faço agora o caminho de volta à realidade carregando comigo a nítida sensação de já ter vivido esse encontro.
Um atropelo de palavras gruda em minha garganta e , só me permito sentir sede.
Há desordem em meus pensamentos e sinto que perco à noção do tempo?
Acordada ,o sereno vem e os lenços colorem meu cabelo cada qual com sua cor.
Ouço a brisa suave se despedindo dos finos lenços.
Num sussurrar de tecidos formam uma ciranda e afastam de mim .
Uma lágrima, e volto à dormir afinal eram só lenços coloridos.


Márcia Penteado.

Propaganda gratuita

Matava era assassino,
roubava era ladrão.
Hoje, ganha repercussão.
vai para o horário nobre,
vira capa de revista,
concede entrevistas,
no rádio e na televisão.
É destaque nos jornais
e nas redes sócias,
ganha muitos seguidores.
Sabem tudo de sua vida,
Até o tipo de comida,
Da sua bela refeição.
Inversão de valores!
Cuida do menor carente,
Do idoso é assistente.
faz trabalho voluntário
em casa de recuperação.
é arrimo da sua família,
com um mísero salário,
Um pobre operário,
que batalha pelo pão.
Estes e tantos outros,
Estão no anonimato,
Não há nenhuma divulgação.
Afinal de contas ser honesto,
não é mais que obrigação.
Para que fazer publicidade?
Não há a necessidade!
Pois, a nossa honestidade,
está em fase de extinção.

Ildebrando Pereira da Silva